3.7.08

Há um corpo de alma.


Hoje acordou e esqueceu-se de lhe por a alma.
Só o corpo decadente perambulando a casa
Soletrando ruídos marginais, palavras estúpidas
Decodificando mensagens ilegíveis, ilusórias

E a alma lá, ainda dormente na cama
A descansar como um feto no ventre
Quente e acolhedor, envolto a cobertas.
Anestesiada, não despertou agora.

O corpo tomado pela aflição mortal da culpa
Condenado por um erro que não existiu
Vai arrastando a carne até o vaso
E vomita os gritos, hospedeiros da cólera.

E a alma lá, entorpecida pela inércia
Protegida pelo calor vital de uns braços,
Que não tão distantes aguardam, serenos
O regresso triunfal de seu amor.

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